sexta-feira, 15 de agosto de 2008

ABC x CRB, INICIO DA 1a. DIVISÃO

1972 foi um ano de Fatos Marcantes.

Cenário Mundial: A Guerra do Vietnã se aproxima do fim. Henry Kissinger, secretário de estado americano, negociava nos arredores de Paris, uma saída honrosa para os EUA. Na Olimpíada de Munique 12 atletas israelenses eram feitos reféns e depois mortos por militantes da OLP. Nixon visitava à China.

Cenário Nacional: Imperava o auge da ditadura militar. Governo Médici. Imprensa censurada. Lei de Segurança Nacional. O capitão Lamarca, já havia sido assassinado no sertão da Bahia.
Gil e Caetano voltavam do exílio londrino.

O Brasil comemorava o sesquicentenário da Independência. Após negociações entre os governos brasileiro e português, os restos mortais de d. Pedro I deixavam Portugal e seguiam para o Brasil, assinalando o início das comemorações,ao mesmo tempo em que indicava a proximidade das administrações de Brasil e Portugal. Não por acaso, os dois países viviam sob regime autoritário, além de seus Presidentes serem originários da alta cúpula militar: o general Emilio Garrastazu Médici (Brasil) e o almirante Américo Tomás (Portugal).

Pegando uma "carona" no sucesso de "Prá Frente Brasil" marchinha marcante da conquista do Tri em 70, e a posse definitiva do Troféu Jules Rimet, governo "encomenda" a Miguel Gustavo,
o Hino do Sesquicentenário da Independência, que toca incessantemente nas rádios:

" Marco extraordinário, Sesquicentenário da independência.
Potência de amor e paz Esse Brasil faz coisas, Que ninguém imagina que faz.
É Dom Pedro I, É Dom Pedro do Grito.
Esse grito de glória Que a cor da história à vitória nos traz.
Na mistura das raças, Na esperança que uniu, No imenso continente nossa gente, Brasil
Sesquicentenário



E vamos mais e mais Na festa, do amor e da paz (Bis)"

O ponto alto das comemorações foi a Mini-Copa, chamada Taça Independência.
Havia uma "febre" de construções de grandes estádios Brasil afora.
Surgiram o Pelezão em Maceió, o Batistão em Aracajú, o Castelão em Natal.
A CBD trouxe ao país diversas seleções da Europa : França, Iugoslávia, Irlanda e Portugal, estas duas últimas atuaram em Natal. uma semana após inauguração do novo estádio, abero com uma vitória do ABC por 1 x 0 sobre o América, gol de William, e um zero a zero entre Vasco x Seleção olímpica.

Em Novembro, ocorreriam eleições para deputado e senador. Com o lema "Onde a ARENA vai mal, um time no Nacional", a CBD incluiu na competição o Nacional de Manaus, O Clube do Remo de Belém, o ABC, Tri-campeão Potiguar, o Clube de Regatas Brasil de Maceió e o Club Sportivo Sergipe, de Aracajú e o Vitória de Salvador.

O ABC teve quinze dias para preparar-se para difícil competição. Dirigentes trouxeram do Rio de janeiro, o técnico Célio de Souza, o lateral Sabará, dois meio-campistas do Vasco , Maranhão e Danilo Menezes. O ponta Libãnio veio do Fluminense, o goleiro Tião e o zagueiro Nilson Andrade do Bonsucesso, então uma boa equipe. Dentre os atletas já pertencentes ao clube, o capitão Edson, o ídolo Alberí e o ponta Soares peremaceram como titulares.
Equipe do São Paulo de 1972> Foto no pacaembú, enfrentou o ABC no Castelão.
Seriam disputados vinte e cinco jogos. Vejam o nível dos adversários : Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense e América do antigo estado da Guanabara. Os paulistas São Paulo, Palmeiras, Coríntians, Santos, Portuguesa de Desportos. Os Mineiros, Cruzeiro, Atlético e
América. Os gaúchos Grêmio e Internacional, o Coritiba do Paraná, Santa Cruz e Náutico
do Recife, O Esporte Clube Bahia, o Ceará Sporting além dos cinco estreantes citados.

Início da competição marcada para dez de Setembro. Natal respirava futebol. Os cinemas
anunciavam a exibição de Indepndencia ou Morte com Tarcísio Meira e Glória Menezes.
Os Jogos Olímpicos haviam terminado há poucos dias.




Nos meus onze anos, acordei ansioso naquela manhã de Domingo, e fui caminhando até a Avenida Quinze, proximidades da então Escola Industrial e impressionei-me com a quantidade de automóveis chegando de Maceió exibindo bandeiras do CRB.

Começo da tarde, uma procissão da Frasqueira, rumo ao Castelão. Lembro o ABC entrando em campo com camisas listadas na Vertical, calções preto, meias cinzas. Uma grande Festa.

Durante toda a partida, o Mais Querido massacrou os alagoanos, que apresentaram o goleiro Vermelho, uma barreira intrasnponível, operando verdadeiros milagres. Jogo termina com um injusto zero a zero. O grande nome do ABC na partida, foi o ponta Soares, que levou o público ao
delírio com suas pedaladas. O Rio Grande do Norte estava inserido na elite do futebol Brasileiro.

Neste sábado novamente teremos um ABC x CRB, com casa cheia. A retumbante vitória alvinegra em Campinas e a goleada dos regatianos no Paraná Clube estimulam um grande público para o Frasqueirão. Desta vez teremos mais sorte e poderemos arrancar para consolidarmos uma grande campanha, quem sabe a arrancada para a primeira divisão.

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