CELEIRO

Morei no bairro das Rocas (Rua São João, Rua da Lua, Rua Expedicionário José Varela)  até os sete
anos de idade.
Meu primeiro contato com o esporte foi no estádio Senador João Câmara. Lembro como se fosse hoje,
desfilando no torneio início da Liga Desportiva do
referido bairro, conduzindo troféus do Nacional EC, onde meu pai fez de tudo.
O "Vestiário" do Nacional era a oficina "São Braz" na Almino Afonso, propriedade do saudoso Tio Mardoqueu, pai do Professor Flávio Paiva, fisiologista do ABC.
O bairro respirava futebol. Em dias de clássico Racing x Palmeiras, havia verdadeiras procissões em direção ao João Câmara. Inúmeras vezes, presenciei aquelas cenas, da varanda da casa da Tia Ziza.
O João Câmara sempre foi um celeiro de craques. ABC e América, eram formados a partir de atletas surgidos ali.
Na minha infancia, Albano, craque deca-campeão pelo ABC era um senhor respeitado, que possuía
escolinha no bairro. Formou craques como Luizinho, falecido precocemente, Marcelino, Gilton, Nilton, Sérgio Poty.
No ABC dos anos 60 e 70, o ídolo Piaba, o baixinho goleiro Erivan, o polivalente Otávio, o artilheiro João Galego, todos surgidos no Palmeiras.
Nos anos 80, outra safra talentosa. Tiê, Luiz Oliveira, Aluízio, Coquinho, revelados pelo ABC.
Eu, adulto enverguei inúmeras vezes, a camisa 1
do Palmeiras. Recordo também a participação do Racing na primeira divisão do campeonato de 1969, oportunidade em o que derrotou o ABC por 3 x 0, comandado pelo craque Herculano, que lembrava o negão Alberí.
Esta semana, fui pego de surpresa com a notícia da possível venda do estádio Senador João Câmara.
Um "tiro" na memória do nosso futebol e do bairro das Rocas, onde conheci duas paixões : Futebol e Carnaval.